O Instituto Rosa e Sertão foi criado em 2007 no município de Chapada Gaúcha/MG por iniciativa de professoras municipais de educação infantil e fundamental, de moradores de comunidades tradicionais e de agentes culturais, a partir do anseio de se valorizar um lugar rico por sua multiplicidade cultural e ambiental. Avenida Minas Gerais, 900, Centro, Chapada Gaúcha/MG E-mail: rosaesertao@gmail.com (38)3634-1463
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Mais nova compra de passe do time "Agro": momento de reflexão e atuação dos movimentos sociais
Lançamento da nova campanha do time Agro após suspensão da última campanha publicitária envolvendo Lima Duarte e Antonelli, coloca o Pelé como porta voz do agronégocio e das grandes propriedades de terra.
Por Damiana Campos
Veja o link: http://racismoambiental.net.br/2012/10/o-time-agrobrasil/
A postagem do link deste vídeo não tem por objetivo provocar julgamento de valores, se é verdade ou mentira a fala do Pelé. Mas sim interpretá-la, como exposto no artigo da Regina Bruno "MOVIMENTO SOU AGRO:marketing, habitus e estratégias de poder do agronegócio" , tensionando uma afirmação de identidade movida pelo movimento "sou agro", de realocação do agronegócio e as questões profundas que esta aliança oferta.
Quando Pelé - uma das figuras mais famosas do mundo - entra na casa de cada brasileiro convencendo que "somos todos agro" , "o nosso time é agro", "precisamos desenvolver e respeitar o meio ambiente" e que o agronegócio" preserva o meio ambiente" uma "verdade" é posta, consequentemente outras verdades se apagam. A exemplo disso, o envolvimento da Bunge, Cargill, Vale Fertilizante e Monsanto nesta campanha bilionária. Mas, onde está a relação de interdependencia que os produtores tem com elas. E o uso extensivo do agrotóxico? Por que a pesquisa realizada recentemente pela ANVISA com a porcentagem de agrotóxicos que vai a mesa dos brasileiros todos os dias não entrou na mídia de massa?
O que está em jogo não são os plantios dos pequenos produtos e/ou agricultura familiar, estamos falando dos grandes latifúndios que, a cada investida, consegue deter o controle sobre o mercado de terras e nos fazer mais próximos deste sentimento. A ideia agora é expandir! Produzir! Não terá alimentos daqui 50 anos! É preciso romper, ampliar, encontrar terras que precisam ser produtivas (no caso de terras em posse das comunidades tradicionais, UCs, Terras Indígenas e quilombos)... É isso que está sendo construído a partir das notícias que entram em nossas casas.
O que se deseja com a leitura destas campanhas televisivas da CNA é ampliar a lente para as manobras da mídia em que esta identidade coletiva que não nos representa. Passamos então, a ser uma país da exportação e da flexibilização do uso e acesso a natureza!
Por Damiana Campos
Veja o link: http://racismoambiental.net.br/2012/10/o-time-agrobrasil/
A postagem do link deste vídeo não tem por objetivo provocar julgamento de valores, se é verdade ou mentira a fala do Pelé. Mas sim interpretá-la, como exposto no artigo da Regina Bruno "MOVIMENTO SOU AGRO:marketing, habitus e estratégias de poder do agronegócio" , tensionando uma afirmação de identidade movida pelo movimento "sou agro", de realocação do agronegócio e as questões profundas que esta aliança oferta.
Quando Pelé - uma das figuras mais famosas do mundo - entra na casa de cada brasileiro convencendo que "somos todos agro" , "o nosso time é agro", "precisamos desenvolver e respeitar o meio ambiente" e que o agronegócio" preserva o meio ambiente" uma "verdade" é posta, consequentemente outras verdades se apagam. A exemplo disso, o envolvimento da Bunge, Cargill, Vale Fertilizante e Monsanto nesta campanha bilionária. Mas, onde está a relação de interdependencia que os produtores tem com elas. E o uso extensivo do agrotóxico? Por que a pesquisa realizada recentemente pela ANVISA com a porcentagem de agrotóxicos que vai a mesa dos brasileiros todos os dias não entrou na mídia de massa?
O que está em jogo não são os plantios dos pequenos produtos e/ou agricultura familiar, estamos falando dos grandes latifúndios que, a cada investida, consegue deter o controle sobre o mercado de terras e nos fazer mais próximos deste sentimento. A ideia agora é expandir! Produzir! Não terá alimentos daqui 50 anos! É preciso romper, ampliar, encontrar terras que precisam ser produtivas (no caso de terras em posse das comunidades tradicionais, UCs, Terras Indígenas e quilombos)... É isso que está sendo construído a partir das notícias que entram em nossas casas.
O que se deseja com a leitura destas campanhas televisivas da CNA é ampliar a lente para as manobras da mídia em que esta identidade coletiva que não nos representa. Passamos então, a ser uma país da exportação e da flexibilização do uso e acesso a natureza!
Realmente, a mídia não fala nada!!!!
Inclusive,
voltando para para a margem esquerda do rio São Francisco, não se fala nada da pressão dos plantios de eucalipto que, financiado
pelo Estado, detonou os rios, cerrados e lares de muitos sertanejos e da
fauna aqui em nossa região. E, que
agora, voltam com força total fazendo as mesmas coisas que fizeram na
década de 70/80. Os erros e o investimento continuam os mesmos, mas agora dentro de nossas casas.
Outro fator que observamos é o retorno da produção do carvão com mata nativa, trabalho escravo e os "problemas ambientais", estes sendo necessário ser percebidos para além da cadeia interna, precisamos aumentar a escala. Seria simplista pensar que apenas a família que faz carvão como centro do debate. Se fomos colocar o Carvão na discussão, seria interessante apontarmos para as lógicas imposta pelo mercado, e o conjunto de normas e regras que estão sendo flexibilizada em nome da Mineração a vapor total.
Outro fator que observamos é o retorno da produção do carvão com mata nativa, trabalho escravo e os "problemas ambientais", estes sendo necessário ser percebidos para além da cadeia interna, precisamos aumentar a escala. Seria simplista pensar que apenas a família que faz carvão como centro do debate. Se fomos colocar o Carvão na discussão, seria interessante apontarmos para as lógicas imposta pelo mercado, e o conjunto de normas e regras que estão sendo flexibilizada em nome da Mineração a vapor total.
Ai, pontuamos as mudanças que estão em votação não apenas no Código Florestal, mas também no
Código de Mineração. Passamos agora para o tempo em que os códigos estão
sendo revistos, todos ao mesmo tempo. Para
quem importa isso? Flexibilizar os códigos Florestal, de Minério e das Águas, Penal, Civil e de Contrato seria para que? Quem sofrerá os danos e
impactos com estas mudanças? Nós movimentos sociais, ambientalistas e
demais companheiros estamos atentos a isso?
Se não
o bastante, os limites de quatro Unidades de Conservação (UCs) foram modificados na Amazonia em nome de projetos para energia elétrica. Estas mudanças
acarretarão não apenas um dano ambiental, mas também social e cultural.
As Terras Indígenas estão sendo assoladas
e seus direitos, assegurados pela Constituição Federal e pela Convenção
169 da OIT, indo ao chão. Tudo realizado de forma
"juridicamente correta". Podemos aqui pontuar as portarias e medidas
provisórias que rezam isso, que flexibilizam ou mesmo ignoram estes direitos, como é o caso da Portaria 303 AGU e Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 215.
Os
povos e comunidades tradicionais então passam a ser vistos como um "entrave ao
desenvolvimento do país", como já pontua Andrea Zhouri. Para
entender esta transformação e mudanças profundas que vivemos, como
Alfredo Wagner bem lembra Gramsci: "o velho não morreu e o novo não
nasceu, vivemos um tempo de monstros.
Enfim, o que está em jogo com a campanha não apenas o entendimento que o “rural se fortalece”, que "damos o pão de cada dia" ou mesmo "aqui tudo que planta dá", mas a força oculta e nefasta dos grandes latifúndios e sua corte em nome dos grandes empreendimentos e a violação dos direitos territoriais. Não iremos admirar se a próxima ministra da agricultura for a Kátia Abreu....Bancada ruralista para pressão, ela tem.
Enfim, o que está em jogo com a campanha não apenas o entendimento que o “rural se fortalece”, que "damos o pão de cada dia" ou mesmo "aqui tudo que planta dá", mas a força oculta e nefasta dos grandes latifúndios e sua corte em nome dos grandes empreendimentos e a violação dos direitos territoriais. Não iremos admirar se a próxima ministra da agricultura for a Kátia Abreu....Bancada ruralista para pressão, ela tem.
Os movimentos de afirmação de identidades coletivas e diversidade cultural precisam estar neste debate. Não estamos falando apenas de uma natureza sem sujeito. É da relação homem/natureza no seu mais profundo entendimento.
Pelos povos e comunidades tradicionais!
Para aprofundamento:
Artigo
da socióloga e professora do CPDA/UFRRJ Regina Bruno - MOVIMENTO SOU
AGRO:marketing, habitus e estratégias de poder do agronegócio
http://www.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=8027&Itemid=76
Artigo
do antropólogo e coordenador do projeto Nova Cartografia Social Alfredo Wagner
" Entre a "proteção" e o
"protecionismo"
http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1171
"Territórios e territorialidades específicas na Amazônia: entre a
"proteção" e o "protecionismo" http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-49792012000100005&script=sci_arttext
Artigo
da antropóloga e coordenadora do GESTA/UFMG Andrea Zhouri "Justiça
ambiental, diversidade cultural e accountability"
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092008000300007
Alteração
das UCs -
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