RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO INSTITUTO ROSA
E SERTÃO
Ano 2011 e 2012
Sobre
a instituição:
Dados
cadastrais:
Sede: Rua Serra das Araras,
Centro, Chapada Gaúcha/MG
Telefono: (38) 3634 1463
Diretoria atual:
Presidenta:
Márcia Regina Silva Pena
2ª
Presidenta: Tiana Matos
Conselheiros: Mária da Cruz, Vitória Cardoso
Santos, José Albergues dos Santos e Marilene Lima
Coordenadora
Executiva: Damiana Campos
Breve
contextualização:
O
Instituto Rosa e Sertão foi criado em 2008, no município de Chapada Gaúcha, por
iniciativa de professoras municipais de educação infantil e fundamental, de
moradores de comunidades tradicionais e de agentes culturais, a partir do
anseio de se valorizar este lugar rico por sua multiplicidade cultural e
ambiental. A instituição trabalha há mais de cinco anos com o propósito de
promover a cultura popular ligada à proteção e preservação do bioma cerrado,
conectando saberes diversos relacionados a modos de vida. Nosso objetivo de
trabalho ao longo destes cinco anos visou à promoção da Educação Patrimonial e
Educação Ambiental; a contribuição para a salvaguarda do patrimônio cultural; a
promoção e o incentivo ao turismo de base comunitária; a pesquisa e difusão de
tecnologias alternativas que causem menor impacto ambiental e promovam um
desenvolvimento socialmente justo e ecologicamente equilibrado; o levantamento,
o registro e a proteção do patrimônio imaterial e material, relacionado com as
populações tradicionais que habitam o cerrado, em especial, a região norte e
noroeste de Minas Gerais; ações de saúde e assistência social junto a
comunidades localizadas em áreas do cerrado, em especial, a região norte e
noroeste de Minas Gerais.
***
Projetos desenvolvidos ao longo de 2011 e 2012
Projeto
Arara Vermelha: das nascentes preservadas ao Turismo de Base Comunitária
O presente projeto tem
como base de inspiração a Arara Vermelha, espécie que inspirou o nome da antiga
vila, hoje sede distrital, de Serra das Araras. Ali há uma enorme encosta em
cujas falhas as araras fazem seus ninhos. Embora estejam em vias de extinção,
essas araras costumam deixar seus abrigos para enfeitar de vermelho os céus de
julho e agosto. A serra que as abriga é a mesma onde se conta terem encontrado
a imagem milagrosa de Santo Antônio e, ainda hoje, todos os anos, por ocasião
da data comemorativa do santo, romeiros sobem suas trilhas para lhe fazer
pedidos e agradecer suas graças. O caminho desta serra é um dos roteiros
previstos para nosso guia de roteiros e trilhas; sua história natural e
cultural representa o mote de nosso projeto, o de despertar a população local
para o grande valor ambiental e simbólico do cerrado em pé.
Serra
das Araras localiza-se no município norte - mineiro de Chapada Gaúcha,
conhecido pelas unidades de conservação que abriga, dentre as quais se destaca
o Parque Estadual Serra das Araras (PESA), cujo entorno e o Corredor Ecológico
Vão dos Buracos que o liga ao Parque Nacional Grande Sertão Veredas é o foco de
atuação deste projeto. A conscientização ambiental das comunidades tradicionais
do entorno do PESA e do Corredor Ecológico Vão dos Buracos é uma estratégia
vital para a política de preservação do meio ambiente na região, pois estas
comunidades localizam-se no trajeto de diversas espécies de animais e sementes
responsáveis pela diversidade do cerrado.
O
projeto iniciado em 2010 teve, ao longo de sua execução, como linha de atuação
fomentar a melhoria de iniciativas turísticas já existentes em 5 comunidades
(Buracos, Buraquinhos, Morro do Fogo, Serra das Araras e Pequi), buscando
integrá-las ao contexto das unidades de conservação locais no intuito de gerar
renda a partir de atividades sustentáveis. Para isto, foram selecionadas,
através de Diagnósticos Rápido-Participativos e por meio da realização de
diagnóstico socioambiental e econômico 09 casas que já têm alguma inserção na
atividade turística. Foram desenvolvido oficinas de capacitação e formação,
contando também com palestras de Organização Comunitária com os participantes.
Além de participarem das oficinas de guia ecoturístico e de artesanato (buriti,
costura e bordado) para confecção de souvenir
a serem vendidos aos turistas em casas e pontos de referência para participar
da elaboração do Guia de Pousos e
Passeios Arara Vermelha-Vão dos Buracos.
Todas
as etapas tiveram como produto final o cadastro com dados sobre os
participantes e relatórios das atividades, constituindo um inventário
sócio-cultural das comunidades. As palestras e oficinas tiveram como principal
intuito o estímulo ao debate em torno da preservação ambiental, constituindo
parte do Plano de Educação Ambiental do
Projeto Arara Vermelha. Este também incluiu a participação dos alunos do
último ano do Ensino Médio da Escola Estadual Serra das Araras, os quais, com
base na grade curricular da escola, produziram os roteiros contendo suas histórias
de interesse cultural e ambiental sobre os pontos turísticos do guia de
roteiros de trilhas.
Com
relação ao material de divulgação e apresentação dos resultados do projeto,
produzimos um folder contendo os
roteiros que estamos denominando de “Pousos e Passeios” (Vide o anexo folder). Ainda,
com o objetivo de descrever os caminhos percorridos e sensibilizar o leitor
para o objetivo do turismo de base comunitária, foram confeccionados 500
catálogos com informações das casas receptivas, do Parque Estadual Serra das
Araras, quem acionar e como realizar estes roteiros. (Vide o anexo catálogo).
Durante o XI Encontro
dos Povos do Grande Sertão Veredas (12 a 15 de julho de 2012) foi realizado o
lançamento do roteiro Buraquinhos com a caminhada ecocultural. Apresentamos os
pousos e passeios fomentados durante o projeto. Houve mídia espontânea e
participação de todas as comunidades que trabalharam conosco durante esta
realização. (Vide o anexo – Programação do XI Encontro dos Povos do Grande
Sertão Veredas).
Realizado em parceria
com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de
Minas Gerais (SEMAD) e Instituto Estadual de Florestas (IEF).
Projeto:
Ponto de Cultura Espaço Geral Seu Duchim de Folias
Este projeto baseia-se na realização
periódica de oficinas que têm como conteúdo principal expressões diversas da
cultura sertaneja do Norte de Minas Gerais. Sendo nossa região um lugar onde
vigora uma multiplicidade de saberes e fazeres tradicionais, associados a uma
paisagem natural com a qual seus moradores interagem organicamente, acreditamos
que esta proposta apresentada foi fundamental na valorização e transmissão de
modos de vida que têm veredas, brejos e gerais como fonte de inspiração para
seus ofícios, artes e conhecimentos.
O ponto de partida para as ações
do Manuelzinho-da-Crôa é a cidade nortemineira de Chapada Gaúcha, nome que
remete à migração de agricultores do Rio Grande do Sul na década de 70 e a um
modelo de gestão no campo baseado em empresas monocultoras. A monocultura (no
caso em questão, da soja e da semente de capim braquiaria) não se refere apenas
a uma proposta de modelo econômico, mas também a modos de vida e suas dimensões
culturais, sociais e simbólicas. O modo como a terra é pensada e apropriada
relaciona-se de forma íntima com o modo como as pessoas criam, como as pessoas
se fazem culturalmente. Se o nome de nossa cidade sugere a hegemonia de uma
dada perspectiva econômico-social, ele não consegue esconder, por entre vãos
que cismam em cortar sua chapada, vidas que se nutrem de veredas, brejos,
vazantes e cerrado.
A força desta região já fora
(ine)narrada pelo Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa, escritor que
nos inspira poética e conceitualmente. Dele, tomamos de empréstimo a referência
à nossa região como Grande Sertão, e a seus habitantes, sertanejos. A cultura
sertaneja é o motor para nossas ações com as crianças e adolescentes; a partir
dela é que se baseiam os conteúdos das oficinas propostas. Das tradicionais
danças de roda (marujo do mar, crueira, hiuma, tropeiro, guaiana, do tamanduá,
sum sum, zão zão, quatro etc.), de São Gonçalo e seus arcos, quilombolas
(lundu, manzuá, roda baiana, vapor brasileiro, soldadinho inglês, etc.), das
brincadeiras de roda puxadas por cantigas cantadas pelos “antigos”, dos
brinquedos coloridos com o pelo cavalo marinho, da leitura por meio do Ponto de
Leitura, mesmo que tímida se torna grandiosa no chá literário, no encontro com
o circo e a figura magistral do palhaço a arte se transforma e transborda de
sorrisos, do encontro com os educadores da rede pública de ensino em que o tema
“cultura da infância” emerge com força total e, desta forma, proporciona sua
fundição no II Encontro de Cultura e
Infância durante o XI Encontro dos Povos do Grande Sertão Veredas. Por fim,
tudo foi registrado por meio escrito e audiovisual, para que tenhamos um Centro
de Memória Viva disponível à consulta de toda a comunidade como ação principal
que desdobra no projeto Ponto de Cultura “Espaço Geral Seu Duchim de Folias”.
Realizado
em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e Ministério de Cultura
Parceiros
locais: Rede Pública de Ensino, Prefeitura Municipal e Rede de Pontos de
Cultura de Minas Gerais.
Mais informações: Daiana Campos E-mail: espacodefoliasseuduchim@gmail.com e Ladyjane Macêdo E-mail: ladymacedo.seuduchim@gmail.com
Prêmio: Pontinhos de Cultura 2010
Este projeto foi remetido ao edital 003/2010
do Prêmio Pontinhos de Cultura, uma iniciativa do Ministério da Cultura, por
meio da Secretaria de Programas e Projetos Culturais do (SPPC/MinC). Realizado
ao longo de 2011 e 2012.
A
proposta base do presente projeto versa sobre a leitura do direito a cultura e
a ação de brincar como fundamentos elementares na formação do ser humano, tendo
o conceito de “culturas infâncias” como mote central. Seu objetivo foi ativar e
potencializar as ações já existentes e, como descritas na iniciativa, fomentar
a formação de coletivos pensantes em que a Cultura e o Meio Ambiente sejam
vistos como indissociados.
Mobilizar
o conceito de culturas e infâncias nesta construção social do direito da
criança e do adolescente tem sido possível em função de as atuais pesquisas
desenvolverem o sentido de culturas infantis, tomando assim as crianças como
referência em seus múltiplos contextos. Neste ponto Oliveira aponta que estes
referenciais “possibilitam entender as crianças em seus contextos, com suas
diferenças e singularidades em cada tempo e espaço”. Ainda discorre que estas
pesquisas – por meio de diferentes metodologias – “trazem a voz das crianças
que apontam para a possibilidade de deslocar a leitura das infâncias do ponto
de vista adultocêntrico para o ponto de vista das crianças”. (OLIVEIRA: 2009,
p. 4)
Indicamos
ainda que o “Prêmio Pontinhos de Cultura” somou às ações do Ponto de Cultura
Espaço Geral Seu Duchim de Folias, tendo como prerrogativa o Programa Cultura
Viva em sua ação Ponto de Cultura. A ideia principal está relacionada a junção
dos objetivos de ambas as ações e levá-las para o maior número possível de
participantes.
1.
Das
ações e seus resultados: a preparação para o II Encontro de Cultura e Infância
no XI Encontro dos Povos do Grande Sertão Veredas
O
presente projeto contou com a participação direta de 80 crianças e adolescentes
na faixa etária de 6 a 17 anos, estudantes da Rede Pública de Ensino e
indiretamente 3.000. Durante 06 meses as atividades contemplaram a realização
de: i) Rua da Cultura, ii) Oficina de Comunicação Social, iii) Oficina de
boneca Abayomi, iv) Rodas de Prosa, v) Ponto de Leitura, vi) Campanha de
Conscientização sobre o Trabalho infantil e venda de bebidas alcoólicas a
menores de idade, vii) Reuniões com pais, viii) Oficina de Arte Educação e Arte
Circense, ix) Registro em Áudio Visual, x) Programa Prosa e Sertão (Rádio
Comunitária) e xi) Junção das ações na realização do II Encontro de Cultura e Infância.
Contou
com profissionais ligados a área do teatro, Arte Educação, Ação Social, Música,
Dança e Comunicação Social, totalizando a contratação de 9 profissionais.
Incentivou com bolsa de ajuda de custo e programa de formação um coletivo de 5
adolescentes com objetivo de proporcionar a formação e atuação no campo da arte
educação, mídia livre, artes visuais e capoeira.
Realizou
cerca de 480 horas de criação e fruição cultural com a participação direta de
100 crianças e adolescentes e, indiretamente, cerca 1.000 crianças. Foram
acessadas e com participação direta do projeto: 02 comunidades tradicionais
(Comunidade Quilombola Retiro dos Bois e Comunidade Buraquinhos), 01 distrito
(Serra das Araras), 03 escolas públicas (Escola Santo Agostinho, Escola
Estadual Moacir Cândido e Escola Estadual Serra das Araras) e a sede do
município de Chapada Gaúcha.
Projeto
Turismo Ecocultural de Base Comunitária no Mosaico Sertão Veredas- Peruaçu
A Caixa Econômica Federal firmou, em dezembro de
2011, Acordo de Cooperação Financeira com o Instituto Cultural e Ambiental
Rosa e Sertão para apoiar projeto de Turismo Ecocultural de Base
Comunitária no Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu. Este prevê juntamente com o
projeto de Extrativismo firmado com a Coop. Sertão Veredas, a conservação
e uso sustentável do Cerrado na região do Sertão Norte-Mineiro, Noroeste e
Bahia. A ação será feita por meio do Fundo Socioambiental Caixa (FSA).
O projeto é realizado no bioma cerrado, que
ocupa uma área de 25% do território brasileiro, com grande biodiversidade,
riquezas socioculturais e importantes nascentes de bacias hidrográficas como a
do São Francisco, do Prata e do Amazonas tendo como objetivo fomentar o
desenvolvimento da região em bases sustentáveis e integrado ao manejo das
unidades de conservação e demais áreas protegidas do Mosaico SVP.
Estão previstas as seguintes
ações: i) Formação nas áreas de empreendedorismo relacionados a hospedagem
e alimentação, Condução de turistas, desenvolvimento de roteiros
ecoculturais, operadores locais de turismo, noções de turismo; ii) Visitas de intercâmbio em
localidades que realizem trabalhos bem sucedidos relacionados com ecoturismo e
turismo ecocultural, objetivando a troca de experiências e estabelecimento de
parcerias; iii) Valoração da cultura tradicional por meio de educação
ecocultural nas escolas e comunidades e, realização do Encontro Anual dos Povos
do Grande Sertão Veredas; iv)
Fortalecimento da organização comunitária; v) Melhoria da infra-estrutura por
meio da implementação de três pousadas comunitárias.
De acordo com o Plano de Trabalho o referido projeto será executado em
dois anos com abrangência nos 11 municípios que engloba o
Mosaico, contando com a gestão participativa do Conselho Consultivo
do Mosaico e o acompanhamento do Comitê formado por instituições governamentais
e não governamentais da região.
Municípios
de abrangência: Urucuia, Formoso, Arinos, Chapada Gaúcha, Januária, Cônego
Marinho, Bonito de Minas, Itacarambi, Manga, São João das Missões e Cocos (BA)
Realizado
em parceria com o Fundo Socioambiental da CAIXA e Fundo Nacional do Meio
Ambiente (FNMA).
Mais informações: Danielle Alves - e-mail danielle.rosaesertao@gmail.com e Damiana Campos - rosaesertao@gmail.com
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