O programa Prosa e Sertão, realizado na rádio
comunitária de Chapada Gaúcha, nasceu de uma proposta muito especial
apresentada por Camila - antropóloga e colaboradora do Instituto Rosa e Sertão
- em 2008. Neste tempo, ainda com o nome "Prosa da Coop", estabelecemos
nossas diretrizes e modelamos o seu formato. Foi reconfigurado em 2010,
após um ano sem entrar ao ar e, desde então, é dirigido atualmente pelo Ponto
de Cultura - Daiana e Diana - e por mim todas as manhãs de sábado das 8h00 as
9h00.
O objetivo maior é levar a informação ligada às políticas públicas da área da Cultura e Meio Ambiente, disponibilizar as ações e resultados dos projetos realizados no território e, como seu nome já indica, muita prosa e música.
Em especial, no programa de 29 de setembro,
realizamos uma programação voltada ao significado da Política e seus desafios
junto à população em "tempos de política*". Foi relatada a
experiência vivida pelos diversos brasis e, com isso, abarcando algumas reflexões voltadas
ao nosso lugar e dos demais municípios pequenos em todo o país.
Uma das reflexões teve como base a importância de
desmistificar a categoria "ajuda" e "amigo" para com a
relação eleitor/candidato e/ou candidato/eleitor e, como já indicado por muitos
eleitores, o "dar algo" como base de muitas campanhas Brasil afora.
Este movimento de “dar ou receber algo” a cada ano se modela, indicando,
muitas vezes, a ausência do Estado e o fortalecimento para entrada de assédios morais e econômicos*. Esta ausência, percebida mais fortemente na área da saúde pública, moradia e segurança alimentar.
Estes pontos que aqui apresentamos, realça ainda mais nestes "tempos de política" em que o ato de "políticar*" se torna assunto indispensável, presentes na padaria, ao andar pelas ruas, ao fazer sua feira no supermercado ou mesmo em tarde de passeio na praça.
Estes pontos que aqui apresentamos, realça ainda mais nestes "tempos de política" em que o ato de "políticar*" se torna assunto indispensável, presentes na padaria, ao andar pelas ruas, ao fazer sua feira no supermercado ou mesmo em tarde de passeio na praça.
Outro ponto que aqui poderíamos observar, e é legível, é o interesse despertado em alguns de nós é o interesse em saber quem vai
"levar a prefeitura", mais do que como será administrada e a participação da população neste espaço. As cores dos
partidos indicam a divisão de núcleos adversários e sua simbologia, ainda mais feroz
neste tempo, provoca inimizades. Pela primeira vez, percebemos que as cores são
encaradas como vestimentas e armas e, caso não se enquadre neste bicolor, pode
ser fatal a sua permanência nestes territórios ou mesmo identificada como avessa a qualquer possíbilidade de "melhora do município".
O pedido é para que reflitamos mais neste
"tempo". O que buscamos enquanto municípes? O que de fato nos levaria a fidelidade partidária ou fidelidade com laços de amizade? Quem coloniza quem nesta relação?
Que consigamos perceber as verdadeiras propostas que nos levam a discutir política pública e, a partir desta construção, possibilitar formação de espaços políticos em que as pessoas sejam respeitadas.
Desejo uma ótima semana e que nossas lutas não se
percam e que "endurecer é preciso, mas perder a ternura jamais".
Aos candidatos desejo luz e sabedoria e, a nós eleitores, memória, confiança e sabedoria, pois são elementos essenciais para depois do "tempo da política".
Damiana Campos
Referências bibliográficas
*PALMEIRA, Moacir e GOLDMAN, Marcio (orgs.). 1996. Antropologia, Voto e Representação Política. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria. 240 pp.
*Seria necessário uma reflexão mais aprofundada para este movimento de corrupção e assédio para além do que percebemos.
*Expressão usual neste tempo - é percebida como o ato relatar e saber sobre os comentários, as fofocas ou possíveis alianças partidárias e pessoais.
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