terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Política Cultural se faz com investimento e respeito!




Estava aqui pensando: final de ano é tempo de fechar ciclos!
É tempo em que estamos relatando, poetizando, fechando, firmando e aguardando.
Tudo no gerúndio. Mesmo sendo “fora de moda”, demonstra processo, em tempos ágeis e de textos curtos. Aprendi isso numa destas incansáveis reuniões de Comissão Nacional de Pontos de Cultura.

Planejando as ações para 2016, fiquei a pensar. Com o corte bruto no orçamento da Cultura, o  Ministério da Cultura (MinC) sobreviverá com menos de 40% do orçamento esperado. Destes, nem sei quanto destinarão ao programa Cultura Viva. Sem contar que o próximo ano é ano de Teia (Encontro Nacional dos Pontos de Cultura com etapas estaduais já agendadas). Será um ano em que vários editais foram remanejados de 2015 para serem pagos em 2016.  

Escute só a emergência.

Do lado de cá, o Governo de Minas Gerais apresentando (no gerúndio mesmo) a SEC e a proposta de descentralização das políticas culturais. O que vi foi a descentralização do foi a decisão de demissão do então secretario adjunto no diário oficial. Descentralizou para dentro do gabinete, triste. Ampliação da Rede de Pontos de Cultura? Que é isso? Fundo Estadual de Cultura? Circulação? Pra quê? E Mariana? Lama.


Já na minha cidade, nem as luzes de natal se acenderam como antes. O Ponto de Cultura continua respirando. De fé. Mas continua! Continuará. Tambores não param, viola não fica no saco, poesia é lançada no tempo, mas "os meninus tem hora que vão embora!", como já dizia mestra Lorença quando soube do final do projeto. Firma, Santos Reis.

Mesmo assim, conversa de boa atleticana e de uma moça de fé, continuamos acreditando (também no gerúndio).

Isso não é discurso da dor não, nem choradeira. É real e está batendo na nossa porta. Desejo com este texto fazer um chamado para iniciarmos um processo profundo de mediação!

Pois bem. Que comecemos uma agenda em nossos territórios aliando ações culturais e orçamento. Direitos Culturais. Para isso, é preciso entender melhor os projetos de reforma que tramitam na Câmara.

PRÓ CULTURA, meu povo. O projeto de reforma da Lei Rouanet está para ser aprovado, ou não. Lutemos pelo tão sonhado 1% do orçamento para a Cultura. É a nossa bandeira por toda América Latina e Centro América!

Sem o giro, não há Política, temos que andar. Basta de previsão orçamentária de alento. Não é urgência e nem preferência, queremos Política Cultural. Não dá para cortar a pasta da Cultura quando na verdade já somos cortados! Digo isso também pela pasta de Meio Ambiente.

Política Cultural se faz com investimento.

E depois de tudo isso, ainda tem quem diz que nós do Norte  somos  os “culpados” por tudo isso. Gente que tem muito e paga pouco. Gente que só ouviu falar do Norte pelo lado do “do que não temos”. Mantras induzidos para justificar o Norte do ponto de vista do Sul. Mesmo o senhor Said, lá das bandas do Oriente, dizendo que o Sul só existe porque inventaram o Norte, olhe isso! Espie só!

A questão maior é que não conseguimos nem olhar para dentro de nós mesmos e ver a parcela que temos nesse processo de crise da humanidade. É isso mesmo, todos nós temos uma parcela nesse momento em que "indireitar" não é mais papo de mãe e pai pra “filho rebelde”. Mas sim a usurpação dos direitos; pilhagem do Estado; é a materialização da PEC 2015; homofobia, intolerância religiosa; privatizações; disputas hegemônicas pelos espaços públicos (aeroporto é o mais real e visível), mandatos de segurança sobre útero alheio.

O que desejamos: rumo às mediações orçamentárias

 

Giremos a roda das mediações orçamentárias, pois "o fazer muito com pouco dinheiro", nós, Pontos de Cultura do Brasil, sabemos de cor e salteado. Esta é nossa autobiografia, meus caros e minhas caras.

Sugestão: Limpeza nas próximas eleições, divulgação dos deputados e senadores corruptos e dos que são movidos por interesses de grupos econômicos. Para isso, precisamos olhar para dentro de casa e perceber nossa postura no mundo. Primeiro eu melhoro, depois o mundo.

Votemos naqueles que defendem o real interesse do povo brasileiro. Estes logo se revelam, pois nem sempre suas campanhas tem muito investimento. Garanto que não estão do lado da bancada BBB (boi, bala e bíblia)! Lembremos: Empresa não pode votar e muito menos camuflar campanha. Ninguém que prega o ódio ao outro usando as palavras de Cristo pode estar bem para comandar um país. E aquele que faz campanha usando a Seca como escada, não pode fazer política a partir do cano.

Desejamos ampliar horizontes. Mostrar que o fazer e pensar Cultura de Base Comunitária como proposta de desenvolvimento para o País! Já teorizada e comprovada, Cultura também é desenvolvimento. Nesse sentido, pensamos a Cultura dentro dos quatro pilares do desenvolvimento: Ambiental, Social, Econômico e Cultural. Infelizmente na Conferência Rio+20, insistimos nos três primeiros, mas  modifica e não opera sobre a transformação.

Que o Rural seja trazido enquanto potência! Precisamos tê-lo na roda do orçamento e das Políticas Culturais!

Aí, fechamos os pedidos de final de ano!

Olha que lindeza. Que sonho, que desejo. Chamo isso de amor e poder, juntos!

Bom, fico por aqui.
Até a próxima! Como dizem os foliões ao final do Giro da Folia de Reis.

Vi que amanhã é dia de Conferência da Juventude, busca de agenda junto a Funarte e Palmares. E, também, encontro do Conselho Nacional de Políticas Culturais e Conferência Indígena. Axé!

Depois disso tudo, creio que nos encontramos após do carnaval.

Neste "entre", estaremos no Giro da Folia de Reis e no Bois de Reis. Fazer o quê, pois pra nós aqui além de tradição e devoção, é trabalho!

Fé e pé na estrada!

Política Cultural se faz com respeito e investimento!
Rumo às mediações orçamentárias!

Norte de Minas, 15 de dezembro de 2015.


Por Damiana Campos
Instituto Rosa & Sertão.
Ponto de Cultura Seu Duchim Gerais


Foto 1 e 2:: Leo Lara. Ponto de Cultura - Manuelzinho-da-Crôa e Caixeiras, Encontro dos Povos do Grande Sertão Veredas
Foto 3: Diana Campos - Grupo Manzuá - Quilombo Retiro dos Bois, no Ponto de Cultura.



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