sábado, 28 de maio de 2016

Um dia dedicado ao não-esquecimento.

Um dia dedicado ao não-esquecimento.

A violência que acomete uma mulher diz respeito a todos nós – mulheres e homens –, mesmo que essa violência não nos atinja diretamente.

A violência que acomete uma mulher diz respeito a todos nós, pois, longe de se tratar de uma história particular, de um caso isolado, se inscreve em um quadro mais amplo, em uma estatística perversa que demonstra o quanto as mulheres ainda são tratadas com inferioridade no mundo.

O dia de hoje traz uma triste lembrança para esta cidade.

Porém, apesar da consternação que nos provoca, esperamos que este seja um dia de não-esquecimento.

Não podemos esquecer que, no mundo, 7 em cada 10 mulheres já foram ou serão violentadas em algum momento da vida.

Não devemos esquecer que 35% de todos os assassinatos de mulheres no mundo são cometidos por parceiros íntimos.

É um dia para não esquecer que muitas mulheres estão infelizes em seus casamentos, mas não se separam por medo da reação de seus parceiros.

É um dia para não esquecer que, no Brasil, 5 mulheres são espancadas a cada 2 minutos. E também que o parceiro íntimo é responsável por 80% das violências contra mulheres.

É preciso lembrar que 1 mulher é estuprada a cada 11 minutos no Brasil. Porém, estima-se que, na verdade, a ocorrência seja 10 vezes maior, porque as mulheres têm medo ou vergonha de denunciarem seus agressores.

Não podemos nos esquecer que mulheres vítimas de violência sexual têm medo de denunciar seus agressores porque são muitas vezes julgadas pela sociedade, como se fossem responsáveis pelo crime que as vitimou, por causa da roupa que vestiam ou da hora em que saíram à rua.

É preciso lembrar que a morte e o estupro são a face mais cruel do machismo, mas que o machismo também se manifesta na forma de uma palavra rude, de menosprezo, de assédio, de agressão física e moral, de salários desiguais, de divulgação sem consentimento de imagens íntimas na internet.

Enfim, por serem tantos os casos de violências sofridas por mulheres é que não podemos esquecer que, mesmo que não tenha ocorrido com a gente, aquela história poderia ter sido nossa.

Por Isabel nos reunimos hoje.
E nos reuniremos sempre...

Porque: se queremos um mundo melhor, mais igualitário, onde mulheres não sejam consideradas um ser humano inferior, não sejam consideradas posse de ninguém, é nosso dever não esquecer!
A Isabel, à memória de Isabel, é dedicada a nossa luta.

                             Chapada Gaúcha - MG, 28 de maio de 2016.

                              Movimento de Mulheres Sertaneja

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