Caros leitores,
Este blog tem como objetivo apresentar as ações do Rosa e Sertão, mas também compartilhar das experiências, ações, notícias que acontecem no Sertão e no mundo a fora. E com o olhar nesta vida que muitas voltas dá.
Gostaria de pedir a vocês que compreendam alguns erros ortográficos e também de entendimento na passagem da notícia. Coisas que estamos aprendendo com o tempo e com a prática.
Como um desafio montamos este blog há três anos. Nem sabia por onde começar, mas sabia que seria um DESAFIO. Camila foi a nossa inspiradora ... Sempre atenta as leituras de blogs e sites que nem sabíamos que existia. Mas fomos em frente.
A vontade era de levar ao mundo um pouquinho deste cantinho de céu que moro e que tenho grande carinho.
Agora de longe, mesmo com a alma no Sertão, venho passando por um processo de transformação e também de reconhecimento do quanto é válido ter este sentimento de pertencimento ao meu lugar.
Como ele também venho mudando!
A partir deste ano outros posts serão aqui compartilhados no intuito de reflexão e como um movimento de chamar atenção para algumas lacunas ainda abertas em pensar este novo rural que está aqui em nossa frente. Este mix de Sertão e de modernidade assusta uns, mas "abobece" outros... Ficamos todos "abestalhados".
Quem é do lugar não perceber, quem está nas veredas também não. Isso acontece por que a beleza não é apenas uma forma de contemplação. Quanto mais perto do belo, mas natural ele fica. Assim somos nós que estamos num paraíso e que esquecemos de perceber o quanto ele é bonito. Foi também por isso que pensamos no blog.... Sempre lembrar que coisas muito bonitas acontecem e são deste lugar.
Então escrever não é nada bonito quando se tem medo. Mas medos são apenas visiveis quando a luz está apagada.
Se o Rosa vivo estivesse teria muito orgulho de ver estes sertanejos quebrando barreiras e vencendo seus medos! Tem um monte de gente boa aqui em Chapada escrevendo em blogs e sites .... Orkut, facebook e outros a parte. Mas o segredo é escrever.... Sem medo já dizia Camila.
A escrita era um medo que tinha, mas que ainda me assusta em noites frias.
Mas como disse uma professora minha: Cada pensamento uma frase, cada frase uma questão e cada questão se termina com um ponto de interrogação.
Assim que continuarei aqui.
A próxima postagem será sobre o que é escrever. Levantando algumas inquietações que surgiram após perceber que ESCREVER é um PODER, como a FALA e a ORATÓRIA também.
Vamos ver o que vai dar.
Um forte abraço e até lá.
Damiana Campos
O Instituto Rosa e Sertão foi criado em 2007 no município de Chapada Gaúcha/MG por iniciativa de professoras municipais de educação infantil e fundamental, de moradores de comunidades tradicionais e de agentes culturais, a partir do anseio de se valorizar um lugar rico por sua multiplicidade cultural e ambiental. Avenida Minas Gerais, 900, Centro, Chapada Gaúcha/MG E-mail: rosaesertao@gmail.com (38)3634-1463
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Encontro Regional de Pontos de Cultura do Norte e Noroeste de Minas Gerais- TEIA/2011
O Encontro Regional de Pontos de Cultura - TEIA - da região Norte e Noroeste de Minas já tem data marcada!
Será realizado durante o encontro "Feito Rosa para o Sertão" no distrito de Sagarana da cidade de Arinos/MG em setembro 2011.
O encontro tem por objetivo apresentar as ações desenvolvidas pelo Pontos e debater as questões que pontuam a execução e articulação desta proposta a âmbito regional.
Através da articulação da Rede de Pontos de Cultura de Minas, formada 2010 a partir do encontro TEIA Nacional a troca de entre os Pontos de Cultura se fortalece.
Trabalhar na coletividade não é tarefa fácil, mas aos poucos é percebido os ganhos imensuráveis.
Em breve programação completa do encontro.
O Ponto de Cultura Seu Duchim estará lá!
Será realizado durante o encontro "Feito Rosa para o Sertão" no distrito de Sagarana da cidade de Arinos/MG em setembro 2011.
O encontro tem por objetivo apresentar as ações desenvolvidas pelo Pontos e debater as questões que pontuam a execução e articulação desta proposta a âmbito regional.
Através da articulação da Rede de Pontos de Cultura de Minas, formada 2010 a partir do encontro TEIA Nacional a troca de entre os Pontos de Cultura se fortalece.
Trabalhar na coletividade não é tarefa fácil, mas aos poucos é percebido os ganhos imensuráveis.
Em breve programação completa do encontro.
O Ponto de Cultura Seu Duchim estará lá!
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Oiê Cadê o Manzuá? Ainda está lá.
Dona Lorença - Mudou-se da comunidade devido problemas de saúde, mas chora ao lembrar de sua morada.
Esta foto acima foi tirada na festa de comemoração na comunidade do ´Prêmio Culturas Populares/MinC - 2010
Grupo Manzuá na apresentação em São Jorge/GO.
Cadê o Manzuá? Ainda está lá: Comunidade Quilombola pede SOCORRO.
Foi assim que chamei a atenção do Grupo de Trabalho "Comunicação" do IV Encontro Nacional de Comunidades Quilombolas - CONAQ. Este grupo teve por objetivo elaborar encaminhamentos na temática Comunicação para que as comunidades quilombolas tenham acesso aos meios comunicação e saibam o que se passa neste Brasil a fora.
Publiquei há um tempo atrás neste blog uma postagem que falava um pouco da história e dança do Manzuá da Comunidade Quilombola Retiro dos Bois. Mas voltarei aqui a fazer uma descrição curta, mas importante sobre a atual situação desta comunidade.
Retiro dos Bois está a 60 km de distância do município de Chapada Gaúcha/MG, sendo 250 km da sua cidade Januária/MG - esta divisão é territorial.
O território desta comunidade pertence ao municipio de Januária que pelo percebido fica muito longe de seus moradores. Há uma luta abafada pelo tempo, isso já fazem 10 anos, que buscam pelo reconhecimento deste território como um chão povoado por GENTE e não apenas por terras soltas.
Esta busca incessante pela passagem da área das comunidades de Patos, Angical e comunidade quilombola Retiro dos Bois para administração do município de Chapada Gaúcha já deixou muita gente doente ou morrer sem ver uma solução. Mas isso não há solução! Além de um processo demorado o bem-querer fala mais alto e está história continua ...
Sempre que podemos tocamos no assunto, procuramos um ou outro para saber mais sobre tudo isso, mas até agora as notícias são as mesmas e as histórias também.
O fato é: não há uma política pública e assistência as comunidades que estão a mais 250 km de sua cidade. Acreditando que isso aconteça na cidade. Pergunto:
Como pensar uma logísitca de Assistência médica e Agentes de Saúde Rural pelo menos 1 vez por semana?
Merenda escolar de qualidade pelo sistema do PAA?
Professores capacitados e bem remunerados dando aula em um ambiente satifatório?
Alunos com uma infraestrutura que garanta a sua permanência na escola e uma boa aula que abram os olhos para um mundo melhor lá?
Como dizer a estas pessoas que estão num paraíso, onde o Rio Carinhanha é o seu maior tesouro, sendo que são humilhados e sem chão quando pedem assistência básica e de direito garantido pela constituição? Como garantir que grandes fazendeiros não comprem estas terras por preços abaixo do valor de mercado, sendo que o valor que deveriam ter era apenas de serem reconhecidos como GENTE? E agora?
Este fato é dado por muitos moradores de Chapada e também por aqueles que são “parentes”. Muitos são sabedores da interferência nas relações sociais não apenas como deslocamento físico, mas também psíquicas e morais.
Mas é percebido também na fala de alguns moradores da região que o pertencimento a esta terra e sua identidade territorial depende não somente de suas mãos ou vozes:
"Se é tempo de política muitos são Chapada Gaúcha, se é tempo de doença são Januária, mas não dá tempo de chegar até lá e precisam ser Chapada, mas agora tão dizendo que a gente não pode mais ser de Chapada por causa do cartão SUS. Este trem não tá certo não, como é que eu vou lá para Januária se eu tô doente minha irmã?". (moradora da comunidade Retiro dos Bois)
Outro caso de um morador de 60 anos sobre a dificuldade de logística territorial:
"Eu tô pra tirar uma chapra e não posso mais, por que disseram que só atende emergência, agora eu tenho que morrer pra me atender". (morador da comunidade quilombola Retiro dos Bois)
Esta situação é diária no Posto Médico de Chapada Gaúcha que ainda faz muito para com a comunidade, mas devido à burocracia e por entender que cada município é responsável pelos seus moradores, não atendem mais.
Procurando funcionários do Centro Médico fomos informados que: "Devido novo Sistema, este informatizado e que libera os encaminhamentos para exames e consultas fora do município, todos os cadastrados pelo município de Januária tem que encaminhar seus exames para serem feitos no próprio município que faz parte e que apenas casos emergenciais poderiam ser realizados aqui".
Foi ainda apresentado o acordo entre a Prefeitura de Januária e Prefeitura de Chapada Gaúcha que incluí apenas o direito de atendimento de UM paciente ao mês para consutas e exames. Isso sim é um desagravo aos direitos constitucionais.
Os moradores pedem SOCORRO!!!
Não podemos deixar isso acontecer com uma comunidade que é referencia cultural e que encanta a todos com sua alegria e seus tambores. As violas estão de luto mais uma vez.
Há um quase um ano a comunidade aguarda retorno sobre a morte de um dos moradores da comunidade - brutalmente morto com 8 tiros por um sargento da PM a paisana numa festa da cidade - este caso também sem notícias ou mesmo soluções.
Já não existe formas de se pensar o isolamento como "desculpa". Estar isolado hoje é não ter os seus direitos garantidos.
Estas ações e acontecimentos somente levam a auto-estima a nível zero, mas mesmo assim eles ainda continuam a cantar:
Oiê cadê o Manzuá?
Ainda está lá.
Texto: Damiana Campos
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
IV Encontro Nacional de Comunidades Quilombolas
Rio sedia 4º Encontro Nacional das Comunidades Quilombolas
01/08/2011 - 17:38h - Atualizado em 01/08/2011 - 17:38h
A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e ONG ESPADS realizam, entre os dias 3 e 7 de agosto, no Rio de Janeiro, o 4º Encontro Nacional das Comunidades Quilombolas. Durante o evento ocorrerá o pré- lançamento da Campanha em Defesa dos Direitos Quilombolas.
A solenidade de abertura será realizada às 18 horas do dia 3, no Plenário da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, e terá seguimento com um Café na Roça, às 19h30 e uma noite cultural com Roda de Jongo, às 21 horas.
Na quinta-feira, dia 4, as atividade do encontro serão realizadas no 5º andar do prédio central da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Os trabalhos terão início às 8h com a leitura e aprovação do regimento interno. Às 10 horas, o subsecretário geral das Nações Unidas, Carlos Lopes, apresentará o tema ‘O Estado Brasileiro e o Tratamento das Questões Etno Raciais’, que terá como mediador o coordenador executivo da CONAQ, Ivo Fonseca da Silva.
À tarde, serão debatidas as ‘Políticas Públicas para as Comunidades Quilombolas'. O tema será apresentado por representantes do Ministério da Saúde, da Fundação Cultural Palmares, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), e o professor doutor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Jairo Vieira. O debate será mediado pelo coordenador executivo da CONAQ, Ronaldo dos Santos.
Na sexta-feira, dia 5, o encontro recomeça às 8 horas, com a palestra ‘Movimentos Sociais: Organicidade do CONAQ, que será apresentada pelo professor doutor da Universidade Federal da Amazônia e coordenador do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, Alfredo Wagner. Em seguida serão realizados os grupos de trabalho com os seguintes temas: Organicidade da CONAQ e Rede de apoio ao Movimento Quilombola.
No dia 6 as atividades se iniciam às 8 horas, com a apresentação dos grupos de trabalho, realizados no dia anterior. À tarde haverá debate e encaminhamentos. O evento se encerra às 20 horas, com o pré-lançamento da Campanha em Defesa dos Direitos Quilombolas.
Fonte: http://www.rj.gov.br/web/seasdh/exibeconteudo?article-id=560554
01/08/2011 - 17:38h - Atualizado em 01/08/2011 - 17:38h
A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e ONG ESPADS realizam, entre os dias 3 e 7 de agosto, no Rio de Janeiro, o 4º Encontro Nacional das Comunidades Quilombolas. Durante o evento ocorrerá o pré- lançamento da Campanha em Defesa dos Direitos Quilombolas.
A solenidade de abertura será realizada às 18 horas do dia 3, no Plenário da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, e terá seguimento com um Café na Roça, às 19h30 e uma noite cultural com Roda de Jongo, às 21 horas.
Na quinta-feira, dia 4, as atividade do encontro serão realizadas no 5º andar do prédio central da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Os trabalhos terão início às 8h com a leitura e aprovação do regimento interno. Às 10 horas, o subsecretário geral das Nações Unidas, Carlos Lopes, apresentará o tema ‘O Estado Brasileiro e o Tratamento das Questões Etno Raciais’, que terá como mediador o coordenador executivo da CONAQ, Ivo Fonseca da Silva.
À tarde, serão debatidas as ‘Políticas Públicas para as Comunidades Quilombolas'. O tema será apresentado por representantes do Ministério da Saúde, da Fundação Cultural Palmares, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), e o professor doutor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Jairo Vieira. O debate será mediado pelo coordenador executivo da CONAQ, Ronaldo dos Santos.
Na sexta-feira, dia 5, o encontro recomeça às 8 horas, com a palestra ‘Movimentos Sociais: Organicidade do CONAQ, que será apresentada pelo professor doutor da Universidade Federal da Amazônia e coordenador do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, Alfredo Wagner. Em seguida serão realizados os grupos de trabalho com os seguintes temas: Organicidade da CONAQ e Rede de apoio ao Movimento Quilombola.
No dia 6 as atividades se iniciam às 8 horas, com a apresentação dos grupos de trabalho, realizados no dia anterior. À tarde haverá debate e encaminhamentos. O evento se encerra às 20 horas, com o pré-lançamento da Campanha em Defesa dos Direitos Quilombolas.
Fonte: http://www.rj.gov.br/web/seasdh/exibeconteudo?article-id=560554
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Links para assistir o filme "O veneno está na Mesa" de Sílvio Tendler
Link para o Filme:“O Veneno Está na Mesa” de Sílvio Tendler.
Parte - 1 http://www.youtube.com/watch?v=WYUn7Q5cpJ8&NR=1
Parte - 2 http://www.youtube.com/watch?v=NdBmSkVHu2s&feature=related
Parte - 3 http://www.youtube.com/watch?v=5EBJKZfZSlc&feature=related
Parte - 4 http://www.youtube.com/watch?v=AdD3VPCXWJA&feature=related
Parte - 1 http://www.youtube.com/watch?v=WYUn7Q5cpJ8&NR=1
Parte - 2 http://www.youtube.com/watch?v=NdBmSkVHu2s&feature=related
Parte - 3 http://www.youtube.com/watch?v=5EBJKZfZSlc&feature=related
Parte - 4 http://www.youtube.com/watch?v=AdD3VPCXWJA&feature=related
O veneno está nas telas -
O veneno está nas telas
30/7/2011 22:30, Por Blog do Miro
Por Leandro Uchoas, no jornal Brasil de Fato:O cenário era perfeito. Como palco, o Teatro Casa Grande, no Leblon, onde se deram alguns dos momentos mais importantes da resistência à ditadura. O filme, “O Veneno Está na Mesa”, uma bela síntese do trágico efeito à agricultura brasileira do uso de agrotóxicos. Como diretor, ninguém menos do que Sílvio Tendler, autor de clássicos como “Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá”. Para completar, o auditório de 500 lugares completamente tomado por um público ávido por fazer soar, em todo o país, as denúncias acachapantes do longa. O lançamento do aguardado filme na segunda-feira (25) teve a pompa que merecia.As imagens começam com a denúncia mais terrível. Cada brasileiro consome, em média, 5,2 litros de agrotóxicos por ano. Desde 2008, nenhum outro povo, no mundo, consome tanto veneno.
Logo nos primeiros 10 minutos, de um total de 50, sucedem-se denúncias assombrosas. Duas das empresas que produzem os agrotóxicos, Monsanto e Dow, produziram o agente laranja que os Estados Unidos lançaram sobre o Vietnã, exterminando milhões de vidas. Outras duas, Basf e Bayer, foram parceiras dos nazistas na produção dos químicos para exterminar povos considerados inferiores, como os judeus. Na voz de André Trigueiro, da Rede Globo, denúncias num tom de indignação incomum ao usualmente cordial jornalista: o metamidofós, princípio ativo proibido nos Estados Unidos, na Europa, na China e em boa parte da África é utilizado livremente no Brasil, que ainda decide se vai proibi-lo.Parte da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, o filme foi produzido com dificuldade, com a ajuda de movimentos sociais, ongs e instituições de saúde. Para alguns intelectuais, pesquisadores e lideranças, funcionou como uma denúncia desesperada, a ser propagada aos quatro ventos. A distribuição do material será feita a baixo custo. Segundo o diretor, a ideia inicial surgiu durante conversa pessoal com o escritor uruguaio Eduardo Galeano, e ganhou força em um encontro posterior com João Pedro Stedile, do MST. Bastou, em seguida, o contato com a Campanha.O filme também traz um depoimento da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA). A parlamentar é a figura mais importante do agronegócio no Congresso Nacional. Todos os movimentos políticos da CNA, seja de estímulo ao avanço degradante e criminoso do agronegócio, ou de criminalização dos movimentos sociais, passam por ela. Apesar de desnecessariamente longa, a exibição da fala serviu de síntese dos argumentos utilizados pela direita.
Ela defende que o Brasil não se sustentaria sem o uso de agrotóxicos. Não explica, portanto, como os outros países do mundo consomem menos agrotóxico, mesmo sem contar com nossos incomparáveis recursos naturais. Nem dá pistas de como a humanidade se sustentou nos dez mil anos em que plantou e colheu sem uso de veneno.O filme termina apontando saídas. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, estaria tomando medidas muito mais ousadas no sentido de impedir o avanço do agronegócio em seu país. E o jovem agricultor Adonai dá exemplo de luta contra as dificuldades para plantar e vender alimentos orgânicos (sem uso de agrotóxicos). Ele recusa os créditos bancários que lhe possibilitariam maior conforto, porque os bancos praticamente exigem uso de agrotóxicos. O filme mostra como, ao longo de três anos, Adonai recuperou um tipo de milho tradicional, através de experiências com as sementes, que lhe permitiram seguir apostando no orgânico.A mensagem do agricultor Fernando Ataliba, de Indaiatuba (SP), sintetiza, em parte, o que representa a aposta do Brasil no agronegócio, que tem persistido mesmo com diferentes grupos políticos à frente do governo federal. “O que a Revolução Verde fez foi destruir e apagar todo o acúmulo de conhecimento da agricultura tradicional ao longo de seus dez mil anos, criando um negócio totalmente novo. E essa ‘novidade’, depois de tantos anos, está demonstrando que ela não dá certo. Ela está produzindo perda da produtividade do solo, perda dos mananciais, perda da biodiversidade, contaminação do solo, das águas, das pessoas, do ar, e mudanças climáticas. O que mais nós vamos esperar acontecer para a gente perceber que esse modelo ‘novo’ não é bom?”, pergunta.O debate que sucedeu a exibição do filme funcionou como complemento as informações divulgadas. Os debatedores estavam tomados por uma emoção pouco comum. A razão é simples. As denúncias que o trabalho de Tendler trazem, apesar da notória gravidade, não encontram o espaço que merecem no debate social. Os motivos, o próprio filme mostra. As megacorporações por trás do agronegócio, com seu lucro astronômico – US$ 7 bilhões apenas em 2010 –, compram institutos de pesquisa, “seduzem” parlamentares através de financiamento de campanha, e calam setores da mídia. O resultado é que boa parte da população brasileira simplesmente desconhece que, todos os dias, tem venenos terríveis dentro de seu prato. A emoção de debatedores e parte do público era a de ver esses absurdos divulgados. Logo no início das falas, Tendler chorou.“Esse mercado é concentrado, mundialmente, nas mãos de apenas 13 empresas. E seis delas controlam mais de 60% dele. A soma do patrimônio das três maiores supera o PIB da maioria dos países do mundo – apenas 70 deles não têm PIB menor” acusa Letícia Rodrigues da Silva, coordenadora do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A pesquisadora também denunciou a estratégia de judicialização utilizada pelas principais multinacionais da agroindústria. Utilizando recursos na Justiça, as empresas vão protelando as decisões, e permanecem com seu mecanismo nefasto de monopólio do setor.
O pesquisador Alexandre Pessoa, da Fiocruz, fez um paralelo das ideias apresentadas pelo filme com a realização, no Rio de Janeiro, em 2012, da Rio+20. Ele considera que, na conferência, as megacorporações vão apresentar falsas soluções à crise ambiental, preservando o mesmo modelo de exploração massiva de recursos. Para Nívia Regina, do MST, “o filme é a maturidade de um longo processo de luta, porque critica a hegemonia do paradigma produtivista. Temos que construir uma outra hegemonia, com base na agroecologia”. Nívia terminou sua intervenção conclamando a todos para que divulguem, amplamente, o filme de Tendler.
Publicado no site: http://correiodobrasil.com.br/o-veneno-esta-nas-telas-2/276226/
30/7/2011 22:30, Por Blog do Miro
Por Leandro Uchoas, no jornal Brasil de Fato:O cenário era perfeito. Como palco, o Teatro Casa Grande, no Leblon, onde se deram alguns dos momentos mais importantes da resistência à ditadura. O filme, “O Veneno Está na Mesa”, uma bela síntese do trágico efeito à agricultura brasileira do uso de agrotóxicos. Como diretor, ninguém menos do que Sílvio Tendler, autor de clássicos como “Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá”. Para completar, o auditório de 500 lugares completamente tomado por um público ávido por fazer soar, em todo o país, as denúncias acachapantes do longa. O lançamento do aguardado filme na segunda-feira (25) teve a pompa que merecia.As imagens começam com a denúncia mais terrível. Cada brasileiro consome, em média, 5,2 litros de agrotóxicos por ano. Desde 2008, nenhum outro povo, no mundo, consome tanto veneno.
Logo nos primeiros 10 minutos, de um total de 50, sucedem-se denúncias assombrosas. Duas das empresas que produzem os agrotóxicos, Monsanto e Dow, produziram o agente laranja que os Estados Unidos lançaram sobre o Vietnã, exterminando milhões de vidas. Outras duas, Basf e Bayer, foram parceiras dos nazistas na produção dos químicos para exterminar povos considerados inferiores, como os judeus. Na voz de André Trigueiro, da Rede Globo, denúncias num tom de indignação incomum ao usualmente cordial jornalista: o metamidofós, princípio ativo proibido nos Estados Unidos, na Europa, na China e em boa parte da África é utilizado livremente no Brasil, que ainda decide se vai proibi-lo.Parte da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, o filme foi produzido com dificuldade, com a ajuda de movimentos sociais, ongs e instituições de saúde. Para alguns intelectuais, pesquisadores e lideranças, funcionou como uma denúncia desesperada, a ser propagada aos quatro ventos. A distribuição do material será feita a baixo custo. Segundo o diretor, a ideia inicial surgiu durante conversa pessoal com o escritor uruguaio Eduardo Galeano, e ganhou força em um encontro posterior com João Pedro Stedile, do MST. Bastou, em seguida, o contato com a Campanha.O filme também traz um depoimento da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA). A parlamentar é a figura mais importante do agronegócio no Congresso Nacional. Todos os movimentos políticos da CNA, seja de estímulo ao avanço degradante e criminoso do agronegócio, ou de criminalização dos movimentos sociais, passam por ela. Apesar de desnecessariamente longa, a exibição da fala serviu de síntese dos argumentos utilizados pela direita.
Ela defende que o Brasil não se sustentaria sem o uso de agrotóxicos. Não explica, portanto, como os outros países do mundo consomem menos agrotóxico, mesmo sem contar com nossos incomparáveis recursos naturais. Nem dá pistas de como a humanidade se sustentou nos dez mil anos em que plantou e colheu sem uso de veneno.O filme termina apontando saídas. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, estaria tomando medidas muito mais ousadas no sentido de impedir o avanço do agronegócio em seu país. E o jovem agricultor Adonai dá exemplo de luta contra as dificuldades para plantar e vender alimentos orgânicos (sem uso de agrotóxicos). Ele recusa os créditos bancários que lhe possibilitariam maior conforto, porque os bancos praticamente exigem uso de agrotóxicos. O filme mostra como, ao longo de três anos, Adonai recuperou um tipo de milho tradicional, através de experiências com as sementes, que lhe permitiram seguir apostando no orgânico.A mensagem do agricultor Fernando Ataliba, de Indaiatuba (SP), sintetiza, em parte, o que representa a aposta do Brasil no agronegócio, que tem persistido mesmo com diferentes grupos políticos à frente do governo federal. “O que a Revolução Verde fez foi destruir e apagar todo o acúmulo de conhecimento da agricultura tradicional ao longo de seus dez mil anos, criando um negócio totalmente novo. E essa ‘novidade’, depois de tantos anos, está demonstrando que ela não dá certo. Ela está produzindo perda da produtividade do solo, perda dos mananciais, perda da biodiversidade, contaminação do solo, das águas, das pessoas, do ar, e mudanças climáticas. O que mais nós vamos esperar acontecer para a gente perceber que esse modelo ‘novo’ não é bom?”, pergunta.O debate que sucedeu a exibição do filme funcionou como complemento as informações divulgadas. Os debatedores estavam tomados por uma emoção pouco comum. A razão é simples. As denúncias que o trabalho de Tendler trazem, apesar da notória gravidade, não encontram o espaço que merecem no debate social. Os motivos, o próprio filme mostra. As megacorporações por trás do agronegócio, com seu lucro astronômico – US$ 7 bilhões apenas em 2010 –, compram institutos de pesquisa, “seduzem” parlamentares através de financiamento de campanha, e calam setores da mídia. O resultado é que boa parte da população brasileira simplesmente desconhece que, todos os dias, tem venenos terríveis dentro de seu prato. A emoção de debatedores e parte do público era a de ver esses absurdos divulgados. Logo no início das falas, Tendler chorou.“Esse mercado é concentrado, mundialmente, nas mãos de apenas 13 empresas. E seis delas controlam mais de 60% dele. A soma do patrimônio das três maiores supera o PIB da maioria dos países do mundo – apenas 70 deles não têm PIB menor” acusa Letícia Rodrigues da Silva, coordenadora do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A pesquisadora também denunciou a estratégia de judicialização utilizada pelas principais multinacionais da agroindústria. Utilizando recursos na Justiça, as empresas vão protelando as decisões, e permanecem com seu mecanismo nefasto de monopólio do setor.
O pesquisador Alexandre Pessoa, da Fiocruz, fez um paralelo das ideias apresentadas pelo filme com a realização, no Rio de Janeiro, em 2012, da Rio+20. Ele considera que, na conferência, as megacorporações vão apresentar falsas soluções à crise ambiental, preservando o mesmo modelo de exploração massiva de recursos. Para Nívia Regina, do MST, “o filme é a maturidade de um longo processo de luta, porque critica a hegemonia do paradigma produtivista. Temos que construir uma outra hegemonia, com base na agroecologia”. Nívia terminou sua intervenção conclamando a todos para que divulguem, amplamente, o filme de Tendler.
Publicado no site: http://correiodobrasil.com.br/o-veneno-esta-nas-telas-2/276226/
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