quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ação Griô na TEIA 2010

A participação da NAÇÃO GRIÔ na Teia 2010 foi emocionante e muitas pessoas aderiram ao movimento. Foram quase 1.000 (mil) assinaturas recolhidas durante o evento.

A Nação Griô promoveu um cortejo até o palco principal do evento, onde se deu a abertura oficial com fala de várias autoridades e representantes institucionais, entre eles o Governador do Ceará, o Ministro da Cultura - Juca Ferreira e Célio Turino - secretário responsável pela implantação do Programa Cultura Viva. A "música de ordem" do cortejo, criada por Mãe Lúcia do Terreiro Bankoma da Bahia, cantava assim:

"QUEM SEMEIA A PAZ

SÓ VAI COLHER O AMOR

VAMOS MEU POVO ASSINAR A LEI GRIÔ


OLIROÊ, OLIROÁ

VEM SEMEAR A PAZ

QUE ESSE ANO É DE OXALÁ."


O cortejo que conquistou a adesão de centenas de pessoas durante o trajeto, terminou com a ocupação do palco e fala de duas mestras Griôs: avó Meriná Makuxi da Raposa Serra do Sol e d. Cici, contadora de histórias da Bahia. Meriná iniciou sua fala - na língua makuxi - dizendo que foi assim que seu povo conquistou suas terras em Roraima, falando e exigindo seus direitos e que dessa maneira vamos conquistar o direito dos griôs em serem reconhecidos pela seu conhecimento e garantir que os currículos escolares dialoguem com a tradição oral.

D. Cici contou uma de suas histórias:

"Na fazenda de sinhá, viviam no terreiro 3 galos: um branco, um preto e um vermelho. Certo dia, o galo branco acordou e cantou:
- Cococó - ah! se o patrão soubesse o que a sinhá faz quando ele sai pra trabalhar...!!! - e contava toda sorte de mazela e displicência da sinhá com os afazeres da casa e do lugar.
A sinhá quando escutou aquilo gritou logo lá de dentro:
- Negra! hoje eu quero comer moqueca daquele galo branco! - e assim foi.
No outro dia, o galo preto no terreiro cantou do mesmo modo, assim que o patrão saiu pra trabalhar:
- Cococó - ah! se o patrão soubesse o que a sinhá faz quando ele sai pra trabalhar...!!! - e do mesmo modo que o branco, relatou todas as faltas da sinhá.
A sinhá, da mesma maneira que havia feito anteriormente gritou lá de dentro:
- Negra! hoje eu quero comer moqueca daquele galo preto! - e assim foi.
Dias depois o galo vermelho acordou e foi logo cantando:
- Cococó - ah! se o patrão soubesse o que a sinhá faz quando ele sai pra trabalhar...!!! - só que aqui ele fez uma grande pausa e continuou: - ela faz bolinhos deliciosos pra esperar o patrão chegar, botaos negros pra trabalhar com vontade nos afazeres do lugar, cuida pra que as negras não parem um só minuto de trabalhar.
A sinhá logo berrou lá de dentro:
- Negra!!!!!
E a negra responde de pronto:
- Já sei, hoje vai querer moqueca de galo vermelho?
E a sinhá respondeu de cá:
- Não! Quero que trate desse galo vermelho com comida na boca!!! Não lhe deixe falatar nada e dê a ele de um tudo com regalo!!!!"
Após a fala das duas mestras, a Nação Griô retirou-se do palco dando espaço e passando a fala para as autoridades, que mal referendaram o espantoso movimento acontecido diante de seus olhos. Célio Turino, visivelmente emocionado pelo evento, referendou de leve em sua fala a grandeza de todo o acontecimento.
No último dia da Teia das ações os Griôs voltram às ruas durante o cortejo da Teia, sempre com a adesão de inúmeros simpatizantes da causa.
Por ser uma lei de proposição popular, precisamos recolher 1.200.000 assinaturas (1% do eleitorado brasileiro) e o nº do título de eleleitor de cada proponente deve constar do documento.
No portal www.acaogrio.org.br você pode obter maiores informações!
Junte-se a esta causa! Vamos valorizar os mestres da tradição oral brasileira e assinar a lei griô, uma lei que é nossa!!!!!



Daraína e Fabíola
Daraína Pregnolatto
Diretora Geral /Guaimbê - Espaço e Movimento CriAtivo
Ponto e Pontinho de Cultura, Leitura, Estória, Valor e Mídia Livre Quintal da Aldeia
Pontão Acão Griô Guaimbê das Nascentes & Veredas


"quem semeia a paz, só vai colher o amor, vamos meu povo assinar a lei griô!"

- www.nacaogrio.org.br